sábado, 13 de julho de 2013

JANGADA DE PEDRA II

eu também somos ibéricos
perdidos numa jangada
navegando sobre margens
parando tanques na praça
gritando tintas nos muros
calando apenas a nada
multiplicando com foice
dividindo à martelada

eu também somos ibéricos
esculpidos em halabja
permutando nossos pés
por madeira mais barata
que onde mais se pisa em falso
a raiz da pele é magra
mas dura pra sustentar
boicotes e chicotadas

eu também somos ibéricos
repartindo nossos bálcãs
apedrejando moinhos
por oliveiras roubadas
ilhados por um bloqueio
cegos ao charme das balsas
revestidos por ideias
indissolúveis à bala

[II07MMXIII]

NO CALOR DA HORA

este é o meu partido
correndo sem rumo
saindo dos trilhos
em cima de muros
sempre dividido
em rosas e murros

este é o meu partido
navio sem prumo
navega entre gritos
aporta em sussurros
ancora no umbigo
faz coro com o mundo

eu sou o meu partido
um porto inseguro

[XVIII06MMXIII]